Não é acontecimento raro encontrar vestígios de aves de rapina mortas no decorrer dos trabalhos do LIFE Imperial, em particular durante a monitorização de linhas elétricas. Perante tal achado, surge de imediato a necessidade de identificar a espécie.
Quando os cadáveres são encontrados em boas condições logo após a morte, a sua identificação é relativamente fácil através da análise da plumagem. No entanto, se o cadáver apresentar um avançado estado de decomposição, terá de ser identificado através dos ossos. Nestes casos, a identificação requer um conhecimento aprofundado das características dos ossos de cada espécie.
A identificação destas espécies é feita analisando a forma e dimensões de nove ossos, e comparando as suas proporções. Tudo conta e até o mais pequeno pormenor dos ossos pode ser a chave reveladora da identidade da espécie. Características como o número de orifícios na quilha (o externo das aves), a forma do crânio ou estruturas peculiares como uma placa óssea existente no orifício correspondente às narinas das Águias-imperiais podem ser importantes na determinação da espécie. A partir destas características, as dúvidas iniciais provocadas por um amontoado de ossos desarticulados ou degradados podem transformar-se em certezas. Uma análise atenta dos ossos das aves permite a sua correta identificação e revela aspetos da sua ecologia, constituindo assim uma ferramenta essencial para a conservação das espécies.
Existem já numerosos guias de identificação de aves a partir da sua plumagem; no entanto, encontrar informação sobre a identificação de espécies através dos ossos não é assim tão fácil. Para colmatar esta lacuna, o Governo Espanhol editou em 2013 o “Guia de Identificación de Rapaces Ibéricas por Restos Óseos”, da autoria de Vítor Matarranz. Este guia permite a identificação rápida dos ossos de nove aves de rapinas que ocorrem na Península Ibérica – Abutre-preto, Grifo, Abutre-do-Egito, Quebra-ossos, Águia-real, Águia-imperial-ibérica, Águia de Bonelli, Águia-cobreira e Bufo-real.
